13.2.24

 

FOLGUEDOS DE RUA

Esta postagem recorda uma série de folguedos de criança que eram praticados na rua. Talvez muitos visitantes da Zona Sul nunca tenham se divertido com eles, por motivos vários. Alguns dos folguedos envolviam duplas, outros exigiam dois grupos rivais e outros mais eram realizados por várias crianças, sem conotação de grupos.

As descrições e quando aplicável as regras que citarei são as que nós adotávamos dentro da nossa patota. Podem variar para outros grupos ou locais.

Não resisti a rememorar o modo como brincávamos. São recordações pessoais, diferentes da impessoalidade que se espera de uma postagem. Sorry.

Vamos aos folguedos.

1) AMARELINHA


Dispensa descrições. Mesmo quem nunca brincou de amarelinha sabe do que se trata, ou assim penso. No nosso caso, desenhávamos a amarelinha com giz e usávamos uma casca de banana para indicar nossa progressão nos quadradinhos. Nossa marcação era diferente da mostrada na foto: os quadradinhos 1, 2 e 3 eram em linha, depois vinham o 4 e 5 atravessados, o 6 novamente em linha e o 7 e 8 atravessados. Portanto, não tínhamos 9 quadradinhos como aparece na foto. E onde está o 10 escrevíamos "CÉU". 

 

2) PELADA


Preciso descrever? A largura das balizas era constituída pelo espaço entre uma árvore e a parede da casa em frente. Não era pouco, pois a calçada da Dona Delfina era e ainda é bastante larga levando em conta que éramos crianças ou pré-adolescentes. Não havia travessão. Por consenso, se a bola passasse alta e fora do alcance do goleiro considerávamos tiro de meta. As balizas eram em calçadas opostas, de modo que para sair de uma e chegar à outra tínhamos de atravessar a rua com a bola. Tradicionalmente uma baliza ficava em frente à minha casa, de número 46, e a outra em frente à bonita casa de número 33, já demolida. De vez em quando a bola caía no quintal da 35, que era um chalé suíço habitado por um almirante da reserva, já bem velhinho. Ele era ranzinza e não gostava de devolver a bola. Então pulávamos o baixo muro e a pegávamos de volta.

Às vezes entrava na rua uma rádio-patrulha vinda do distrito policial situado na rua Conde de Bonfim. Aí quem a visse dava o alarme "Lá vem a RP!" e todos sentávamos no meio-fio, com a maior cara de pau e escondendo a bola.  

Como não havia muitas crianças da mesma faixa de na rua, para jogarmos pelada precisávamos da presença de crianças de outras ruas. O craque da bola era o Marcos Elias, que estudava no Colégio Militar e morava na rua Uruguai. Ele tinha um irmão que chamávamos de Lulu da Palmerana, quando o correto seria Lulu da Pomerânia. Existe um cão dessa raça, mas não sei o motivo do apelido do Lulu. Também bons de bola eram os trigêmeos Luís, Ricardo e Manuel, filhos de um médico e moradores na avenida Maracanã, esquina com a Dona Delfina e que de vez em quando saíam na porrada entre si. E quem tentasse separar acabava apanhando, e dos três ao mesmo tempo.

 

3) CHICOTINHO QUEIMADO

Não achei imagem condizente com essa brincadeira na Internet.

Um objeto qualquer era escolhido como o chicotinho queimado. Uma das crianças o escondia em algum lugar, inclusive dentro do quintal ou na vegetação de alguma casa, enquanto as demais fechavam os olhos. Uma vez escondido, as demais começavam a procurar o chicotinho queimado. Aquela que o escondeu ia dando as dicas do tipo "Está frio", ou "Está esquentando" ou "Está quente", para indicar para cada criança se ela estava perto ou longe do lugar onde o chicotinho estava escondido. Quem o achasse seria o próximo a escondê-lo.

 

4) PIQUE-BANDEIRA


Era jogado em dois grupos, um contra o outro. Na calçada era traçada uma linha reta com giz, da parede de uma casa até o meio-fio, delimitando dois campos. A determinada distância dessa linha, cada grupo colocava no chão a sua bandeira, que poderia ser um chinelo, um galho de árvore ou qualquer outro objeto. Cada grupo ficava no seu campo. O objetivo era roubar a bandeira do outro grupo e trazê-la para seu campo.

Enquanto um jogador estivesse no seu próprio campo, ele não poderia ser molestado. Mas a partir do momento em que entrasse no campo adversário, alguém do outro grupo corria atrás dele para tocar no seu corpo. Isto feito, ele ficava congelado e só poderia se movimentar novamente se alguém do seu próprio grupo o tocasse. Então era uma correria geral, uns defendendo sua bandeira e congelando os adversários atrevidos e outros tentando pegar a bandeira do grupo oponente. Haja suor e queima de calorias!!

 

5) FRISBEE


Na nossa época não havia esse tipo de objeto e o modo como brincávamos era diferente. Eram duas crianças, cada uma se posicionando como goleiro nas balizas citadas no folguedo PELADA, exceto que ambas as balizas eram na mesma calçada. A título de frisbee usávamos tampinhas de cerveja ou uma tampa velha de panela. O objetivo era fazer um gol no adversário.

 

6) PIQUE-ESCONDE

 

Jogado em grupo, sem adversários. Uma criança, a procuradora, se posicionava em determinado lugar, que era a sua base ou pique, e tapava os olhos, e as demais iam se esconder. Nós usávamos como esconderijo os poucos carros estacionados ou entrávamos nos quintais de algumas casas. A procuradora contava até determinado número, a combinar (20 ou 30), enquanto as demais se escondiam. Terminada a contagem, ela saía à cata dos escondidos após dizer bem alto "Lá vou eu!". Se um dos escondidos saísse do seu esconderijo, corresse até o pique, o tocasse, dissesse seu nome e "1, 2, 3" antes que a procuradora tocasse o mesmo pique, estava salvo. Assim que a procuradora via um dos escondidos, dizia seu nome, o local do esconderijo e voltava correndo para o pique, tocando-o e dizendo "Pique 1, 2 3". Quem foi descoberto estava fora dessa rodada, a menos que quando a procuradora disesse seu nome ele corresse e alcançasse o pique antes dela. Se a procuradora conseguisse descobrir todos os escondidos, o último deles passava a ser a nova procuradora. A estratégia era a procuradora nunca se afastar muito do pique, para evitar que alguma criança o alcançasse antes dela. Mas às vezes, para descobrir o esconderijo dos demais, ela era obrigada a se afastar. Mas tinha de ficar de olho vivo. Caso a procuradora não conseguisse descobrir ninguém, depois de certo tempo podia avisar que desistia e então tudo recomeçava.

 

7) BOLA DE GUDE - TRIÂNGULO

 

Traçávamos um triângulo a giz na calçada. Quem ia jogar combinava quantas bolinhas iria "casar", colocando-as dentro do triângulo, e ficava com uma para tecar. Uma linha reta era riscada a giz a determinada distância do triângulo. Cada jogador se posicionava a determinada distância da linha reta e lançava a bola de tecar, visando pará-la o mais próximo possível da linha. Depois que todos lançavam suas bolas, determinava-se a ordem em que elas ficaram próximo à linha e esta era a mesma ordem em que o seu jogador iria fazer seus lançamentos dali em diante. Quando a bola de um jogador atingisse uma dentro do triângulo e esta saísse fora, ele ficava com ela. Enquanto ele estivesse acertando uma bola, continuava jogando. Quando errasse, era a vez do próximo. Caso a bola lançada parasse dentro do triângulo, o jogador estava fora. E se ele tecasse a bola de tecar de outro jogador, este estava fora. O jogo terminava quando não restassem mais bolas dentro do triângulo.

 

8) PIQUE-COLA

 

Uma criança era escolhida como a pegadora. Uma base também era escolhida: podia ser uma árvore, um poste, o  portão de uma casa, etc. As demais crianças se afastavam e a pegadora saía atrás delas. Quem ela tocasse ficava "colada" e só podia ser "descolada" pelo toque de outra. Quem fosse "colada" três vezes passava a ser a nova pegadora.

 

9) BOLA DE GUDE - BÚRICA ou BÚLICA

 

Esse jogo exige chão de terra, então só podíamos brincar disso na casa dos nossos vizinhos do número 44, que tinham um filho e onde havia uma área de plantação. Mas eles eram muito rigorosos quanto a estranhos, de modo que só permitiam a entrada do meu irmão, de mim e de um colega bem mais novo, o Antônio José.

Antes de começar, combinávamos se o jogo seria "à vera" ou "à brinca". No primeiro caso, quem vencesse levava as bolinhas de gude dos outros; no segundo, não.

A regra é um pouco complicada: eram feitos três buracos (as búricas ou búlicas) na terra, com determinado afastamento entre si. Estabelecida uma linha de partida, cada jogador pegava sua bolinha e tentava jogá-la dentro da búrica mais afastada. Se conseguisse, ele seria o primeiro a jogar dali para a frente. Se ninguém conseguisse, a ordem de jogada era pela proximidade da tal búrica. A partir daí, obedecendo a essa ordem de lançamento, cada jogador tentava colocar sua bolinha dentro de cada búrica, seguindo a ordem delas no terreno: a mais afastada, a do meio, a mais próxima, a do meio novamente, a mais afastada, a do meio novamente. Quem fizesse esse roteiro estava na condição de "mata". Em cada lançamento, o jogador podia optar por tentar colocar a bola na próxima búrica ou tecar a do adversário para afastá-lo dela. Neste caso, ou se conseguisse jogar a bola dentro da búrica, ele podia jogar novamente. Caso um adversário estivesse com a bola dentro da búrica, os demais não podiam jogar a sua ali dentro, tendo de fazer hora até ela sair de lá. Quando um jogador atingisse a condição de "mata", sempre que tecasse uma bola adversária ela saía do jogo.

No fim do jogo, o destino de cada bolinha "matada" dependia do que havia sido combinado no início: "à vera" ou "à brinca".

Antes do início de cada rodada, quem primeiro gritasse  "Marraio!" seria o último a lançar sua bola, o que era vantagem pois poderia tecar a dos adversário e afastá-las da búrica inicial e não poderia ter sua bola afastada pelo mesmo motivo.

Quem gritasse "Acompanha!" logo a seguir do "Marraio!" seria o penúltimo a lançar; quem gritasse "Feridor sou rei!" a qualquer momento seria o primeiro a começar o jogo se sua bola inicial atingisse qualquer uma das demais. Como no máximo éramos quatro jogadores, essas expressões bastavam para nós.

 

10) PULAR CARNIÇA

 

Acho que todos conhecem essa brincadeira. Não era muito comum entre nós, mas eventualmente nos divertíamos com ela.

 

 

 

7.9.23

 

GOLEIROS DO PASSADO 

(Postagem 1 de 2)

Esta postagem é uma homenagem a alguns goleiros do passado que atuaram em times cariocas. Como não gosto de nenhum esporte, futebol inclusive, nada aqui é opinião minha. Tudo foi obtido da Internet. Entretanto, certas informações são contraditórias, pois uma fonte desmente a outra. Procurei optar sempre que possível pelas informações do site do clube onde o goleiro atuou por mais tempo.

A ordem de apresentação é aleatória, não significando maior ou menor importância de nenhum deles.

 

1) MANGA

Nascido Hailton Corrêa de Arruda, em Recife, a 26 de abril de 1937, é considerado um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro. É o jogador que detém o recorde de participações em jogos da Taça Libertadores da América. Sempre atuou sem luvas. Em sua homenagem, o dia 26 de abril é considerado o Dia do Goleiro.

Começou atuando no Sport de Recife, em 1954, ocasião em que o time venceu o campeonato de juniores sem que Manga sofresse nenhum gol. Sua fase de ouro se deu quando era do plantel do Botafogo do Rio de Janeiro, entre 1959 e 1968.

Em jogos contra o Flamengo, dizia que gastava adiantadamente o prêmio pela vitória, que ele considerava favas contadas. Segundo ele, "o leite das crianças estava garantido".

Jogou 451 vezes pelo Botafogo, sofrendo 397 gols. Defendendo a camisa alvinegra, levantou quatro Campeonatos Cariocas, três Torneios Rio-São Paulo e o Torneio Intercontinental de Paris.

Terminou a carreira pelo Barcelona de Guayaquil, em 1982, aos 45 anos de idade. Atualmente vive no Retiro dos Artistas, com sua esposa Maria Cecília, em meio a problemas de saúde e financeiros.

 

2) ARI

Ari de Oliveira nasceu em Duque de Caxias, em 26 de julho de 1932.

Começou a carreira em 1950, pelo Bonsucesso Futebol Clube, tendo passado para o Flamengo em 1955. Defendeu a camisa do clube em 90 jogos, tendo vencido o Campeonato Carioca daquele ano.

OBS: A foto abaixo consta como sendo ele o goleiro, mas tenho minhas dúvidas.

Em 1958 foi emprestado ao América, que o contratou no ano seguinte e onde viveu o auge de sua carreira, tendo conquistado o Campeonato Carioca de 1960.

Atuou até 1966, quando decidiu se aposentar dos gramados.

Trabalhou até 1977 como funcionário público do INSS, quando faleceu de AVC em dezembro daquele ano.

 

3) BARBOSA

Moacyr Barbosa veio ao mundo em Campinas, a 27 de março de 1921. Embora seja considerado um dos melhores goleiros de sua época, é mais lembrado em virtude da derrota da Seleção Brasileira para o Uruguai, na Copa do Mundo de 1950, na qual foi acusado de falha no segundo gol do time celeste.

Começou como ponta-direita num time de várzea, o Almirante Tamandaré. Um dia o goleiro faltou e Barbosa foi escalado para a posição, contra a sua vontade. Teve boa atuação e acabou tomando gosto pelas traves e de lá nunca mais saiu. Em seguida entrou para o time do Laboratório Paulista de Biologia. Em 1942 passou para o Club Athletico Ypiranga, profissionalizando-se. Em 27 de janeiro de 1945 assinou contrato com o Vasco da Gama, onde atuou até 1955. Na época, o Vasco estava montando o excelente time chamado de Expresso da Vitória (1945 - 1953).

O titular da posição era Gabriel Rodrigues, ficando Barbosa na reserva. Porém Rodrigues ganhou um prêmio de 200 mil cruzeiros na loteria (uma fortuna na época) e abandonou o futebol, abrindo caminho para Barbosa se tornar o titular da posição.

Vestindo a camisa cruz-maltina, venceu seis Campeonatos Cariocas e o Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, precursor da Libertadores da América.

Pelo Vasco da Gama participou de 431 jogos, com 282 vitórias, 74 empates e 75 derrotas.

Saindo do Vasco em 1955, Barbosa passou pelo Santa Cruz de Recife, depois para o Bonsucesso, retornou ao Vasco e encerrou a carreira pelo Campo Grande, em 8 de julho de 1962.

A Wikipedia registra sua participação em 861 jogos, em vários times, além de 20 pela Seleção Brasileira.

Carregou durante toda a vida o estigma da derrota perante o Uruguai. O cronista Armando Nogueira o considerou a criatura mais injustiçada do futebol brasileiro.

Morreu por complicações de um AVC em 7 de abril de 2000, na cidade de Praia Grande (SP).

 

4) VELUDO

Caetano da Silva Nascimento nasceu no Rio de Janeiro em 7 de agosto de 1930, no bairro da Saúde. Por ter a pele aveludada, ganhou o apelido de Veludo.

Antes de iniciar a carreira de goleiro, trabalhou como estivador. Aos domingos, jogava pelo Harmonia, um time amador da Saúde. Logo pela manhã, era chamado aos gritos de "Caetano.... Caetano...." por uma figura engomadinha, conhecido na área como Armandinho Castanheira e que posteriormente se tornou conhecidíssimo como o juiz de futebol Armando Marques.

Em 1948 entrou para o Fluminense, quando ganhou o título de juvenil daquele ano. Em 1949 passou para o time de aspirantes. Em 1950, quando Castilho foi convocado para a Seleção Brasileira, Veludo ganhou a chance de jogar pelo time de titulares.

Era uma sombra para Castilho, e várias vezes tomou seu lugar em jogos e a torcida gritava seu nome nas arquibancadas. Em virtude do contraste da pele entre Castilho e Veludo, os tricolores diziam que o time possuía a dupla "Café com Leite". Veludo mostrou grande talento e se tornou campeão carioca em 1951. 

Em 1954, reserva de Castilho, foi convocado para a Copa do Mundo, jogando pela Seleção Brasileira nove partidas, sofrendo três gols.

Sua derrocada aconteceu em 18 de dezembro de 1955, quando diante do Flamengo o Fluminense perdeu por 6 x 1. Veludo foi acusado de "vender o jogo", foi multado em 60% dos vencimentos e caiu em desgraça. Alguns o acusaram de ter jogado bêbado.

Sem clima no time, saiu e andou por vários outros clubes, mas tornou-se alcoólatra, tendo encerrado a carreira nos primeiros meses de 1963, pelo Esporte Clube Renascença (MG).

Tornou-se mendigo e após seguidas crises de fígado e pâncreas, além de diabetes, morreu em 26 de outubro de 1970, aos 40 anos, na mais completa miséria e pesando apenas 48 quilos.

 

5) CHAMORRO

Eusebio Chamorro nasceu em Rosário, na Argentina, em 22 de novembro de 1922. Começou a carreira pelo Club Atlético Newell's Old Boys em 1945, passando em 1951 para o Boca Juniors. Nessa época travou boas relações com Fleitas Solich, técnico do Flamengo. Em 1952 atuou pelo Independiente Santa Fé, da Colômbia. Ele e vários jogadores argentinos foram punidos por terem atuado pelo Independiente. Encostado em virtude da punição, sua condição chegou aos ouvidos de Fleitas Solich, que se empenhou em trazê-lo para o Flamengo. Em agosto de 1953, por 250 mil cruzeiros, Chamorro foi contratado para ocupar a posição de suplente de Sinforiano Garcia, o goleiro titular do clube.

Atuou no rubronegro até 1956, participando pela primeira vez em 10/09/1953 contra o XV de Novembro de Jaú e a última em 14/10/1956 contra o Bonsucesso.

Pelo rubronegro, ganhou 11 campeonatos ou torneios, que deixo de relacionar por serem muitos.

Saindo do Flamengo, voltou ao Newell's Old Boys.

Não consta que haja falecido.

Aqui vai minha única contribuição pessoal a esta postagem: a menos que a memória esteja me pregando uma grande peça, lembro de um jogo em que o Chamorro se chocou com um outro jogador e caiu ao chão com a cabeça ensanguentada. A visão daquela cabeça vermelha de sangue ficou marcada na minha memória. Estarei enganado?

 

6) ERNÂNI

Ernâni Ribeiro Guimarães nasceu no Rio de Janeiro em 24 de outubro de 1928.

Revelou-se no Olaria em 1947, passando para o Vasco em 1948, como reserva de Barbosa. Foi campeão sul-americano de clubes em 1948 e carioca em 1949, 1950 e 1953. Voltou ao Olaria e em 1957 foi para o Bangu, onde atuou apenas durante esse ano, tendo entrado em desavença com o presidente Fausto de Almeida. Foi então para o Botafogo, tendo sido campeão carioca em 1961 e 1962 e ganhou o Torneio Rio - São Paulo de 1961, encerrando a carreira em 1963.

Pelo Bangu participou de 37 jogos, com 19 vitórias, 9 empates e 9 derrotas. Sofreu 40 gols.

Morreu em 14 de janeiro de 1985, aos 56 anos de idade.

 

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RESUMO E ESTATÍSTICAS

Certos valores das estatísticas abaixo variam, de acordo com a fonte consultada. Escolhi as que julguei mais confiáveis. Posso ter errado. Há muitas lacunas porque não consegui dados de mesmo teor nas fontes que pesquisei.



-------  FIM  DA  POSTAGEM  --------

 

 

 

 

 

 

6.9.23

 

GOLEIROS DO PASSADO 

(Postagem 2 de 2)

Esta postagem é uma continuação daquela de ontem.

 

1) POMPÉIA


José Valentim da Silva nasceu em Itajubá (MG), em 27 de setembro de 1934.

Iniciou a carreira como centroavante num clube da segunda divisão de Itajubá, formado por funcionários da fábrIca de material bélico com sede naquela cidade. Mais tarde, ainda como centroavante, passou para o São Paulo, da mesma cidade. Um dia o goleiro do clube não pode jogar e José o substituiu com brilhantismo, chamando a atenção de todos. Tempos depois, numa partida contra o Bonsucesso do Rio de Janeiro, o juiz da partida, olheiro do clube carioca, se entusiasmou com ele e convidou-o para vir jogar no Bonsucesso, onde assinou contrato em primeiro de abril de 1953, por 3 mil cruzeiros.

No ano seguinte transferiu-se para o América, onde permaneceu por onze anos.

O apelido Pompéia veio da infância, quando gostava de desenhar os personagens Popeye e Olívia Palito. Os seus colegas, com dificuldade de pronunciar Popeye, chamavam-no de Pompéia. O apelido pegou.

Ele trabalhou num circo, onde aprendeu as técnicas de impulsão que o tornaram famoso posteriormente.

Fazia defesas espetaculares e espetaculosas. As más línguas o consideravam presepeiro. Fazia a alegria da torcida quando atuava.

Waldir Amaral apelidou-o de Constellation, um modelo de avião que fazia sucesso na época. Outros apelidos vieram: Ponte Aérea (novidade na época), Caravelle (um modelo de avião, por sinal muito bonito) e Fortaleza Voadora.  

Abaixo, algumas das fantásticas defesas de Pompéia.



Saindo do América, jogou pelo São Cristóvão, o Galícia (de Salvador), o Clube do Porto e o Desportivo Português. Em 1969, num jogo entre esse clube e o Real Madrid, defendeu uma bola difícil, que no rebote foi chutada pelo famoso Di Stefano. A bola pegou na sua cabeça e em consequência perdeu uma vista e teve a outra prejudicada, forçando-o a abandonar o futebol.

Deprimido, sentindo-se só e perdido, voltou-se para a bebida e morreu em 18 de maio de 1996, num quarto de manicômio.

 

2) CASTILHO

Carlos José Castilho nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1927.

Antes de entrar para o futebol, foi carvoeiro, padeiro e leiteiro. Foi um dos melhores goleiros do futebol brasileiro e considerado o melhor goleiro tricolor de todos os tempos. Era grande defensor de pênaltis (em 1952, pegou seis deles). Daltônico, dizia ser favorecido por ver como vermelhas as bolas amarelas, mas era prejudicado quando as bolas eram brancas, na época usadas em jogos noturnos.

Conta-se que em 1950 um leiteiro ganhou duas vezes na loteria (uma a de São João e outra a de Natal), e em virtude disso "leiteiro" passou a ser sinônimo de sortudo. Como Castilho tinha muita sorte ao defender bolas incríveis, as pessoas passaram a dizer que ele não era leiteiro, e sim o dono da leiteria. Daí o apelido de Leiteria que lhe deram.

Jogou pelo Fluminense de 1946 a 1965, num total de 698 partidas, tendo sofrido 777 gols e disputado 255 partidas sem sofrer nenhum gol.

Em 1957, tendo contundido o dedo mínimo esquerdo pela quinta vez, o médico do clube disse que ele deveria se afastar durante dois meses dos jogos, para tratamento. Castilho optou então por amputar o dedo e duas semanas depois estava novamente em ação.


Participou de quatro Copas do Mundo: 1950, 1954 e campeão em 1958 e 1962.

Em 2006 o Fluminense inaugurou um busto ao famoso goleiro na entrada da sede social do clube.

Depois de abandonar o gramado foi técnico de vários clubes.

Suicidou-se em 2 de fevereiro de 1987, aos 59 anos, jogando-se de uma janela após visitar a ex-esposa. O motivo do suicídio nunca foi esclarecido.

 

3) GARCIA

Sinforiano Garcia era paraguaio, tendo nascido em Puerto Pinasco, em 22 de agosto de 1924.

Iniciou a carreira como amador em 1939, no Club Olímpia de Assunção. Passou para o Atlético Corrales em 1944 e em seguida para o Cerro Porteño. Em 1949, após dois jogos da seleção paraguaia contra a brasileira, chamou a atenção de dirigentes do Flamengo e naquele mesmo ano foi contratado no rubronegro.

A estreia de Garcia no Flamengo ocorreu num amistoso contra o Arsenal, da Inglaterra, no estádio de São Januário, em 30 de maio de 1949. O Flamengo venceu por 3 x 1.

Em virtude de fratura de clavícula, Garcia não pode disputar o campeonato de 1950. Conquistou o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955.

Foi o segundo goleiro estrangeiro no Flamengo, sendo precedido por José Tunel Caballero, em 1937, que disputou apenas 18 partidas.

Defendeu o arco rubronegro por 276 vezes, entre 1949 e 1958. Foi o segundo estrangeiro com maior participação em jogo, perdendo apenas para Modesto Bria, com 369 atuações.


Encerrou a carreira como goleiro do Flamengo em 1958, tendo depois atuado no Canto do Rio e como treinador no Cerro Porteño e no Coritiba Foot-Ball Club.

Faleceu em 29 de maio de 1992.

 

4) UBIRAJARA

Ubirajara Gonçalves Motta nasceu em 4 de setembro de 1936, no Rio de Janeiro.

Começou como ponta-direita no Esporte Clube Simas. Já como goleiro, foi para o Deodoro Futebol Clube, na Vila Militar. Fazia grande sucesso na época.

Por insistência de um amigo, fez um teste no Bangu, em 1951, aos 15 anos de idade, tendo sido sagrado campeão naquele mesmo ano na categoria Infanto Juvenil. Já na categoria Juvenil, sagrou-se campeão carioca nos anos de 1952 e 1953.

Em 1955 passou para a categoria de Aspirantes e no ano seguinte foi para o quadro principal. Em 1957 virou reserva do goleiro Ernâni. No ano seguinte este brigou com a diretoria do clube e Ubirajara tomou seu lugar dali em diante. 

No Bangu atuou em 539 jogos, vencendo 287, empatando 135 e perdendo 117. Sofreu 541 gols.

Atuou no Bangu até 1968, quando se transferiu para o Botafogo, onde ficou até 1971.

De 1972 a 1977 jogou pelo Flamengo, tendo vestido a camisa rubronegra apenas 40 vezes. Ali encerrou sua carreira.

Tornou-se empresário e presidiu a Fundação de Garantia do Atleta Profissional (FUGAP). Morreu em 24 de outubro de 2021, aos 85 anos de idade, de causas naturais.

 

5) CARLOS ALBERTO

Carlos Alberto Martins Cavalheiro nasceu no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1932.

Entrou para o Vasco da Gama na categoria de juvenil em 1948 e atuou no time até 1957. Foi campeão carioca em 1952 e 1956, conquistou a Copa Rio de Janeiro em 1953, o Troféu de Paris em 1957 (na época considerado um Mundial de Clubes)  e o Troféu Teresa Herrera também em 1957. Foi o primeiro goleiro brasileiro a participar de uma olimpíada, em Helsinque, no ano de 1952. Também participou da olimpíada de 1960, em Roma, além dos Jogos Pan-Americanos de 1959, quando recebeu medalha de prata.


Por ser militar da ativa da Aeronáutica, não podia ter contrato profissional nos clubes, jogando sempre como amador.

Logo no início de sua carreira no Vasco aconteceu um episódio curioso: no Tornerio Rio - São Paulo, Barbosa era o goleiro em campo. No intervalo da partida o Vasco o substituiu pelo reserva Ernâni. Porém este se contundiu aos 20 minutos de peleja. Carlos Alberto estava assistindo ao jogo na arquibancada. Os altofalantes do Maracanã o convocaram, a pedido dos dirigentes vascaínos. Carlos Alberto desceu, vestiu a camisa e defendeu o gol até o fim do jogo. Teve bela atuação e garantiu o placar de 2 x 2, já existente quando de sua entrada em campo.

Em 1958, transferido para São Paulo pela Aeronáutica, migrou para a Portuguesa de Desportos, onde jogou de 1958 até 1960.

Foi um dos quatro goleiros convocados por Vicente Feola nos preparativos para a Copa do Mundo de 1958.

Morreu em 29 de junho de 2012, aos 80 anos de idade, no posto de Brigadeiro da Aeronáutica.

 

6) ADALBERTO

Adalberto Leite Martins nasceu em São Paulo em 23 de abril de 1931.

Começou a jogar como goleiro no Esporte Clube Cocotá, da Ilha do Governador, em 1946. Em 1948 entrou para o time de juvenis do Fluminense. Em 1952 tornou-se reserva imediato de Castilho e Veludo. Disputou 62 jogos pelo tricolor, sendo 51 como titular, nas várias categorias. O primeiro jogo foi em 18 de abril de 1950 e o último em 27 de março de 1955.

A foto abaixo é do time de aspirantes do Fluminense, ano de 1953.

Em julho de 1955 foi para o Jabaquara, de Santos. Destacou-se no Torneio Rio - São Paulo de 1957, disputado no primeiro semestre, e em 10 de maio daquele ano passou para o Botafogo, jogando a primeira partida em 14 de julho, quando o alvinegro conquistou o primeiro campeonato pós-Maracanã.

Pela equipe principal do alvinegro disputou 81 partidas. Seu último jogo pelo Botafogo foi em 3 de outubro de 1962. 

Ao perceber que seria difícil continuar a carreira tendo como postulantes Manga, Ernâni e Ari Jório, resolveu se tornar funcionário do clube e virou Auxiliar Técnico do treinador Paraguaio.

Exerceu algumas outras funções ligadas ao desporto, já fora do Botafogo.

Morreu em 6 de abril de 2019, aos 87 anos de idade.


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RESUMO E ESTATÍSTICAS


Certos valores das estatísticas abaixo variam, de acordo com a fonte consultada. Escolhi as que julguei mais confiáveis. Posso ter errado. Há muitas lacunas porque não consegui dados de mesmo teor nas fontes que pesquisei.



-------  FIM  DA  POSTAGEM  --------

 

 

 

 

 

 

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