ESCOLA SOARES PEREIRA (parte 2 de 2)
Esta é a segunda e última parte do texto
sobre a Escola Soares Pereira, onde estudei desde o jardim da infância até a
quarta série primária, período de 1953 a 1957. A primeira parte foi publicada
ontem. Esta parte contém impressões e opiniões pessoais, para desgosto do
gerente, que segundo dizem não gosta disso.
Abaixo vemos fotos atuais da escola, vista pela lateral da avenida Maracanã e pela da rua Pinto
Guedes. A cor da pintura, ao que me lembro, ainda é a mesma da década de 1950,
quando lá estudei.
Havia um gabinete dentário, a biblioteca, a sala das professoras e o temido gabinete da diretora. O pátio tinha um galpão coberto, sem paredes, onde era servida a merenda escolar. Havia na parte traseira do terreno um pavilhão sanitário, com as toaletes e bicas.
VIII) UM DIA TÍPICO DE AULA
Meu turno era o da manhã, iniciando às 7 horas.
Entrávamos, uma campainha tocava, as turmas formavam no pátio e depois se
dirigiam para suas respectivas salas. Quando a professora entrava, todos se
levantavam e se postavam ao lado das carteiras individuais. Cumprimentavam a
professora, sentavam-se e a aula iniciava.
O livro adotado era o "Meu Tesouro", de
Helena Lopes Abranches e Esther Pires Salgado. Havia uma edição para cada
série. Abaixo, foto de uma delas.
No meio da manhã soava a campainha do recreio. As turmas saíam para o pátio e os que desejassem ingeriam a merenda escolar, em grandes mesas debaixo de um galpão coberto. Eu levava uma lancheira com garrafa térmica contendo café com leite, pão com manteiga ou com goiabada e queijo minas ou manteiga e açúcar.
Após a merenda todos se dirigiam ao pavilhão
sanitário, para lavar as mãos e escovar os dentes.
Um novo toque de campainha encerrava o recreio. As turmas
voltavam para as salas e a aula continuava.
Ao final do turno, novamente a campainha tocava. Os
alunos arrumavam suas carteiras, alinhavam-nas umas às outras e saíam da sala.
Agrupavam-se no hall ou na parte externa da escola, cujo portão era guardado
por um funcionário. As mães chegavam e pegavam seus filhos.
Volta e meia havia brincadeiras orientadas pelas
professoras, no pátio traseiro, onde havia algumas árvores de porte.
Brincávamos de roda, de lobo mau, de passa-anel, etc. Ninguém virou gay por causa
disso.
Quinta-feira era dia de folga geral.
Num determinado dia da semana, havia hasteamento da
bandeira simultaneamente com o canto do Hino Nacional. Eu fui escolhido como o
aluno que hastearia a bandeira, não sei por que. Minha mãe teve de me comprar
luvas brancas. Lá ia eu, envergonhado, para a frente das turmas formadas e ia
hasteando lentamente a bandeira, de modo a sincronizar sua chegada ao topo do
mastro com o fim do canto do hino.
IX) PRÊMIO PARA OS PRIMEIROS COLOCADOS
A dona Marina (foto já mostrada ontem) foi minha
professora na quarta série primária. Tinha o estranho costume de dar presentes
ao primeiro e ao segundo colocado em cada prova mensal. Todo mês eu disputava
com uma colega, de nome Cármen Lúcia Terra de Farias, a primeira colocação.
Praticamente revezávamos nisso. Lembro de ter ganho um jogo de boliche de
madeira como prêmio, certa vez. Num dos meses, o primeiro colocado iria ganhar
o jogo "O Céu é o Limite", sensação na época. Eu estava doido para
ganhá-lo, mas naquele mês fui o segundo colocado e a Cármen Lúcia levou o
desejado prêmio.
Foto parcial da turma, em 1955, com a Cármen Lúcia em
destaque.
Nessa mesma quarta série, houve o concurso de melhor aluno do Distrito Federal, já citado por mim aqui no SDR. Havia duas turmas de quarta série. Eu fui o primeiro colocado na minha, e um colega chamado Reinaldo foi o primeiro na dele. Empatamos em nota, porém ele havia apagado com borracha algo na prova e ficara borrado o papel. Assim, eu fui o escolhido para representar a escola no concurso. A mãe dele se dava com a minha, mas ao saber da escolha ficou com raiva e nunca mais falou com minha mãe. O Reinaldo era o meu melhor amigo. Depois disso, me virou a cara. E ainda espetou meu braço com a ponta fina de um lápis, como vingança. Besteira, não?
Foto parcial da turma, com Reinaldo no centro.
X) FATOS MEMORÁVEIS
a) Suicídio do Presidente Getúlio Vargas
Lembro-me perfeitamente desse dia. Na época eu cursava
o primeiro ano primário e a professora era a dona Alayde. Em determinado
momento ela saiu de sala e quando voltou estava chorando. Avisou que as aulas
estavam suspensas. Não sei como voltei para casa, pois na época acho que ainda
não havia telefone na minha residência que pudesse servir para a escola
comunicar a suspensão das aulas.
b) Festa junina
Não me lembro do ano em que ocorreu essa festa, mas
ela foi muito grande, com quadrilhas, comida à vontade, participação dos pais e
alunos. Lembro que na hora da quadrilha, sem querer eu deixei meu chapéu de
palha cair no chão e dali em diante tive de evoluir sem chapéu. Fiquei
super-envergonhado com o fato.
Abaixo, foto do pessoal da quadrilha, eu dentro da
elipse vermelha. Acima de mim, entre os dois garotos de cartola, Vânia, que
será citada no tópico seguinte. A noiva, facilmente vista na foto, se chamava
Vera Lúcia. Ela sofria de paralisia infantil e andava de muletas.
c) Recebimento de medalhas
Todo final de ano os três melhores alunos de cada
turma (ou série, não me lembro bem) recebiam medalhas: de "ouro", de
"prata" ou de "bronze". Da primeira à quarta série, eu
recebi a de ouro, exceto na terceira série, que foi a de prata. Havia uma
cerimônia de entrega das medalhas, à qual os pais deveriam comparecer. Minha
mãe ia até lá muito envergonhada, porque era tão tímida quanto eu. E lá ia eu,
também envergonhado, receber a medalha do ano, perante aplausos das mães e após
breve locução da professora. Até há pouco tempo eu ainda tinha algumas
guardadas, mas as joguei fora. Lamento.
Na foto abaixo, tirada em 1957, na quarta série
primária, estou eu com várias medalhas no peito.
XI) MINHAS "NAMORADINHAS"
Este tópico talvez não seja do agrado de algumas
pessoas, que podem ver nele manifestação de presunção ou de gabolice, mas vou
em frente assim mesmo.
Durante minha vida escolar (exceto na faculdade), todo
ano eu escolhia uma "namoradinha". Em virtude de minha extrema
timidez, nunca elas souberam disso. Vou postar aqui as fotos delas, ano a ano,
durante o primário. As fotos nem sempre correspondem aos anos, em virtude de
algumas delas estarem muito esmaecidas. Escolhi assim a foto do ano em que a
menina está mais nítida.
No jardim de infância eu gostei de uma garota chamada
Sônia, mas não tenho fotos da turma daquele ano nem da primeira série. No ano
seguinte não mais a vi. Não sei se saiu do colégio ou se mudou de turno.
a) Primeira série primária, ano 1954, eu com 7 anos de
idade ==> também se chamava Sônia, mas não era a mesma do jardim de infância.
Por acaso, nesta foto eu estou logo abaixo dela.
b) Segunda série primária, ano 1955, eu com 8 anos de idade ==> a princípio, Regina Coeli, uma garota muito bonitinha, que quando sorria mostrava covinhas no rosto. A Regina Coeli tinha um algo a mais que me encantava. Reencontrei-a anos depois no Colégio Pedro II, porém ela era do turno da manhã e eu do turno da tarde.
Mais à frente fiquei atraído pela Lia, cabelos e olhos cor de mel. Mas não deixei de gostar da Regina Coeli. Era bígamo (kkkk).
c) Terceira série primária, ano 1956, eu com 9 anos de
idade ==> comecei com a bigamia do ano anterior, até que me encantei com a Vânia,
alourada, olhos azuis. Morava no famoso edifício Del Monte, na rua Uruguai, 339
e que ainda existe. Interessante que eu lembro de todos os seus sobrenomes, mas
não da ordem deles. Eram Pimenta, Leitão e Bueno. Mas não sei se era Vânia
Pimenta Leitão Bueno, ou Vânia Leitão Pimenta Bueno, ou outra sequência
qualquer.
Foi a primeira garota de quem gostei com mais
intensidade. Tanto que minha filha se chama Vânia, e não é por coincidência.
d) Quarta série primária, ano 1957, eu com 10 anos de
idade ==> continuei com a Vânia durante bastante tempo, mas depois passei
para a Diana. Bem morena, cabelos negros, jeito de índia, olhos escuros, bem
magra. Era sobrinha da professora.
Tenho gratas lembranças de todas e não sei quais ainda estão vivas. Mas quem conquistou e depois despedaçou meu coração eu só conheceria em 1959, no Colégio Pedro II. Aos meus 12 anos de idade, ora vejam só!! Prova de que amor não tem idade.
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FIM DO TEXTO
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BÔNJS PARA O LINO COELHO E PARA O DOCASTELO
Embora não se refira à Escola Soares Pereira,
aproveitei esta postagem para inserir aqui duas fotos das turmas do meu irmão,
no Colégio Estadual Souza Aguiar. Não sei o ano exato, mas devia ser meados da
década de 1960. Talvez o Lino e o Docastelo reconheçam pessoas nas fotos.
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